A proteção dos vulneráveis vem a ser uma preocupação ético-jurídica que brota do paradigma constitucional como um problema de direitos humanos e fundamentais.
O mal não está restrito às guerras e regimes totalitários, mas também se revela de maneira mais frequente “quando deixamos de reagir ao sofrimento de outra pessoa, quando nos recusamos a compreender os outros, quando somos insensíveis e evitamos o olhar ético silencioso”. Trata-se de uma espécie de “cegueira moral – voluntariamente escolhida e imposta ou aceita com resignação – de uma época que, mais que de qualquer outra coisa, necessita de rapidez e acuidade na compreensão e no sentimento” (Bauman).
A coerência e a associação entre a moralidade e a ética são aspectos que implicam no fato de que “só podemos tratar consistentemente as nossas vidas como objetivamente importantes se aceitarmos que a vida dos outros tem a mesma importância objetiva”. Tal premissa constitui um princípio fundamental de humanidade, o qual está na base da civilização (Dworkin).
Vivem-se tempos estranhos, nos quais houve a perda do referencial ético que baliza a convivência comunitária, em decorrência do negacionismo e da idolatria ao narcisismo patológico. Cumpre lembrar que o Sistema Único de Saúde é uma política pública com assento na Constituição, sendo regido pelos princípios da universalização, da gratuidade e da regionalização.
O Brasil registrou mais de 700 mil mortos em função da pandemia da Covid-19, atingindo as famílias e privando-as abruptamente do convívio com os seus entes queridos, em especial os idosos.
Por conseguinte, tomando-se em conta a ética do cuidado, é possível afirmar que a efetiva vacinação contra a Covid-19 é um direito humano e fundamental e um bem público mundial. Acima das ideologias e das pretensões eleitorais, é preciso.
dizer que ninguém é bom o suficiente sozinho e somente a união em torno de propósitos legítimos possui o condão de proteger a vida e a saúde das pessoas!
